Pedra da Onça – São Francisco Xavier – SP (+ acesso por Monte Verde – MG)

Pilotos acima dos 2.000m voando sobre o Pedra do Abismo, no Pico da Onça. Imagem: Alvaro Pidde
São 1.236 metros de desnível com decolagem  ao  lado de impressionante face vertical de granito acima do lençol vivo da mata atlântica. Voce está no Pico da Onça, uma clareira na crista da serra da Serra da Mantiqueira. O local era rampa de asa delta no final dos anos 80 e point de camping e trekking de travessia entre SP e MG. Este é um destino hike and fly imperdível com gosto da Mantiqueira e tempero de história do voo livre no Brasil.

Estratégia Geral para voar no Pico da Onça de paraglider/parapente

Uau| Olha o tamanho da crista para “bater um lift”
O Pico da Onça está entre os distritos de São Francisco Xavier-SP (SFX) e Monte Verde-MG (MV). O caminho de acesso está na Trilha do Jorge, que atravessa a Serra dos Poncianos e liga as duas cidades. Você pode escolher por onde subir.
A decolagem é para o lado sul da serra, isso faz de SFX uma opção mais prática para deixar o carro. Entretanto nada impede os pilotos que escolham subir por MV desfrutem de um dia agradável ao voar para o sul e contar com um resgate, voltar caminhando ou, porque não, voando!

Condições meteorológicas

A direção do vento ideal para se decolar do Pico da Onça é vindo do SUL.  Decolagens com vento SSE e SE também são possíveis e inclusive o lift no Abismo fica mais alinhado. A velocidade, na previsão, deve estar abaixo de 9km/h em SFX.
A rampa fica coberta pelas nuvens para o lado sul com muita facilidade: o vento sul traz umidade do vale que condensa bem no Pico da Onça, que é a primeira crista da serra da Mantiqueira realmente alta. As vezes o lado norte está aberto e o lado sul coberto de nuvens “represadas” pela serra.
A melhor opção é bater um papo com os pilotos locais de SFX para saber como está o dia.

As Trilhas

Subindo ao Pico da Onça por São Francisco Xavier, pela histórica trilha São Jorge

WP Inicio da Trilha:  – 22°54’7.64″  – 45°59’28.93″
Contato dos Pilotos SFX: Auro Miragaia: 012 3926-1279
OBS: É possível contratar tropeiro (mulas) para levar o equipamento, veja mais abaixo:
Pilotos subindo ao Pico da Onça pela trilha do seu Jorge. Tropeiro leva os equipamentos. Foto: Miragaia / Gabriel
A trilha partindo de SFX sobe a serra pelo lado sul, tem percurso de 4,5 km com inclinação constante e
ascenção de 820m pela Trilha do Jorge,  leva mais ou menos 2,5 horas da fazenda Monte Verde (não confundir com cidade) até o Pico da Onça. Durante a agradável caminhada é possivel avistar macacos Muriqui e há 4 pontos de água, todas potáveis. É virtualmente impossível se perder durante a caminhada, apenas siga sempre a estrada. Quando encontrar a bifurcação do Jorge, siga em frente (pela esquerda). A saida a direita leva a Monte Verde.
Aproveite cada passo, esse caminho tem muita história de vôo livre:
Voce está subindo pela  Trilha do Jorge, o caminho pelo qual os primeiros tropeiros desceram de sul de Minas e fundaram São Francisco Xavier.
O caminho foi transformado em estrada  para automóveis pela prefeitura de São Chico em 1987, ficou aberta mais ou menos um ano e depois foi fechada novamente.
Em 1988 aconteceu um campeonato de asa delta no Pico da Onça (na verdade o nome correto é Pedra da Onça): a estrada foi tomada de fuscas, corcel II e jipes, aproximadamente 50 pilotos participaram.
A verdade é que mesmo antes da estrada os pilotos subiam a trilha de asa deltas de 30kg. Miragaia, piloto local, conta que era preciso 3 pessoas para carregar todo o equipamento.
Miragaia ficou em 3o lugar no campenato de 88 e hoje desenvolve o vôo livre junto de outros pilotos que estão formando a Associação de Vôo Livre de São Francisco Xavier.
Se ficar pesado, as mulas ajudam!
Sim, ainda há tropeiros em SFX! O Sr. Nadir e suas mulas levam seu equipamento até a “rampa”. O preço é R$50!
Pilotos de SFX da Esquerda para direita: Sr. Wellington, Zé Mario, Miragaia, Lobinho, Sr. Nadir (tropeiro) e Gabriel
Bosque dos Duendes: Foto Lygia Takayama

Subindo ao Pico da Onça por Monte Verde

WP Inicio da Trilha:  – 22°52’7.03″  – 46° 1’13.56″
Contato Pilotos MV: John Boetcher: 035 9151-4468
Monte Verde é charmosa cidade de arquitura européia e clima frio, encrustada logo ao norte da Mantiqueira. Tem altitude de 1550m. O Acesso é pela cidade de Camanducaia na rodovia Fernão Dias.
A trilha pelo lado de MV sobe pelo pelo norte, tem 6 km e passa pelo famoso Bosque dos Duendes. Tem inclinação variável mas bastante suave, e leva entre 2 e 3h de caminhada em trilha bem marcada entre a mata.
Estacione o carro próximo a coordenada, ao lado da Missão Horizonte. A trilha começa pegando a esquerda em uma lixeira, acompanhando o limite da missão por uns 5min. e passar uma cerca. Dai as demais referencias são cruzar o riacho, passar pela pedra do Jacaré a direita da trilha, cruzar um segundo riacho e chegar ao inesquecível Bosque dos Duendes. Continue subindo até chegar em uma antiga estrada de acesso ao Pico da Onça. Esse ponto é a bifurcação do Jorge e a dvisisão entre MG e SP. A estrada vem de SFX. Voce deve seguir a direita, subindo, para chegar ao Pedra da Onça.

A Pedra da Onça (ou Pico da Onça)

WP aproximado:  – 22°52’52.26″  – 46° 0’6.59″

Acima das nuvens! Imagem: Jefferson Estevam/Christian Boettcher
Pilotos de SFX no Pico da Onça. Foto: Lobinho

O Pico da Onça é uma clareira na crista da serra que dá visual para o lado norte e para o lado sul. Montanhistas e campistas costumam acampar aqui, embora não seja regulamentado. O visual é incrível, com vista, ao sul, para o Vale do Paraíba e Pedra Queixo d’Anta. Pedra Partida, Plato e outros afloramentos de rocha vistos pelo lado norte.

A Decolagem

Decolagem técnica com saída apertada. Foto: Alvaro Pidde
A rampa é gramada, uma clareira cercada por árvores por todos os lados, exceto pelo ponto de saída para o voo. À frente da rampa há desnível grande e quase vertical.
A decolagem é técnica e parecida com falésia, a vela “pega” o vento “de verdade” apenas depois que já está quase na cabeça. A abertura para saída é um pouco apertada e há arvores também logo a frente e abaixo da rampa, sendo preciso sair com pressão para evitar ralar a selete nos galhos mais altos. A rampa do Pico da Onça é Nivel III.
A turma de SFX tem cuidado e atenção muito especial com o local. Colabore, não deixe lixo ou resíduos, não faça fogo, não interfira na natureza.
A rampa permite uma decolagem por vez, mas há espaço para as velas ficarem preparadas. Foto: Alvaro Pidde

O Voo

Cada piloto é responsável pela decisão da decolagem. Estude bem as condições antes de voar.
Em dia sem nuvens e vento sul alinhado, a opção mais evidente é decolar e virar imediatamente para direita, você vai avistar o “abismo”, paredão de granito impressionante onde o lift com mais de 1km de extensão é sempre mais sustentado.

Porém, as melhores térmicas ficam em cima da cidade que funciona como um calderão no meio das serras e mata.

Se optar em decolar e mandar para esquerda,  o vôo se desenvolve por cima da serra da Mantiqueira e você voará acima da Pedra do Dente, ao horizonte estarão Pedra do Baú, São Domingos e outros picos.

O Pouso

WP Aproximado:  – 22°54’36.85″  – 45°57’0.71″

O Clube de voo livre de SFX está negociando 3 locais de pouso, conforme imagem abaixo. Eles estão, para quem vem voando da serra, bem à esquerda da cidade.

O pouso tem uma boa infra instrutura, com acesso fácil para resgate, água e banheiro no casarão. Bem em frente tem uma ambulância de UTI móvel, UPA e UBS com médicos de plantão, posto de gasolina, posto da policia militar e guarda municipal e está a 500 metros do centro com restaurantes, pousadas e mais, assim se torna um destaque em qualidade no Brasil.

Créditos Imagem: Lobinho

Videos

Ambos os vídeos mostram a subida pelo lado de Monte Verde.
Gostaríamos de publicar videos com a subida pelo lado de São Francisco Xavier, se tiver nos envie!

Hike and Fly no Pico da Onça – 2:24min – John Boetcher

Hike and Fly Team no Pico da Onça – 8min – Alvaro Pidde

TEXTO: Leandro Montoya REVISÃO e INFOS HISTÓRICAS: Auro Miragaia e John Boetcher – Outubro 2015

Montanhista, Piloto de parapente e entusiasta do Hike and Fly. Primeiro a decolar do Pico da Neblina, montanha mais alta do Brasil! Editor do primeiro site dedicado a modalidade no Brasil.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *